Iniciativas de monitoramento ajudam na gestão pública durante a pandemia
Qual o nível de preparo mínimo, ou ideal, de uma cidade ou estado para a reabertura de serviços e atividades em meio ao combate à covid-19? Como e quando fazer essa reabertura? É possível fazer teletriagem? Ou seja, fazer a triagem de cidadãos por telefone antes que eles tenham que se deslocar às unidades de saúde para uma avaliação inicial? Dúvidas como essas são recorrentes no cotidiano de praticamente todos os gestores públicos que enfrentam a pandemia e seus efeitos.
Saber exatamente o estágio em que uma cidade se encontra na curva de contágio da doença é uma informação essencial para a definição de ações e recomendações para suas populações. Contar com monitoramento constante para avaliar informações atualizadas sobre indicadores como ritmo de contágio, capacidade hospitalar, número básico de reprodução, que indica quantas pessoas uma pessoa contaminada consegue infectar, as taxas de progressão e mortalidade são fundamentais para a escolha das respostas e adoção de protocolos mais eficazes para minimizar, ou, por que não, até eliminar a incidência do vírus.
Aberta e gratuita, a plataforma online Coronacidades, especialmente desenhada para gestores públicos brasileiros, agrega todas essas informações. Desenvolvida pelo Instituto Arapyaú, Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e pela organização Impulso, a iniciativa reúne ferramentas e informações-chave no combate e na adoção de políticas públicas contra a covid-19, fortalecendo as capacidades de monitoramento das administrações públicas. Na ferramenta Farol Covid, gestores têm acesso a informações qualificadas e atualizadas, obtidas pelo cruzamento de diferentes bancos de dados públicos e privados, indicando o estágio em que cada município se encontra na curva de contágio do novo coronavírus e o nível de risco de colapso de seu sistema de saúde, o que permite uma gestão de crise que considera as particularidades de cada município do país.
A ferramenta teletriagem oferece uma planilha baseada em fluxos estipulados pelo Ministério da Saúde para orientar profissionais na realização da triagem por telefone, reduzindo o risco de contágio da população dentro dos serviços de saúde e protegendo profissionais que atuam na linha de frente do atendimento. Ainda garante ao município uma coleta padronizada de dados e consolida informações em gráficos que ajudam na definição de estratégias de ação.
Na área avaliação para a reabertura é possível encontrar uma ferramenta indicando como e quando reabrir, a partir de uma lista de requisitos divididos em três seções: epidemiologia, cuidados com saúde e saúde pública. De acordo com a situação da localidade, é possível obter o resultado para um município específico e uma sugestão de cronograma de reabertura.
Já a ferramenta vigilância e monitoramento fornece um checklist que permite diagnosticar o nível de preparo da cidade para a covid-19, com ações estruturadas em quatro eixos: governança de crise, comunicação e distanciamento, vigilância e assistência.
O Estado brasileiro mais populoso e mais afetado pelo novo coronavírus criou suas próprias ferramentas de monitoramento para medir o nível de isolamento social (quarentena), até o momento a medida mais eficaz contra o aumento do contágio. Com o Sistema de Monitoramento Inteligente de São Paulo (Simi-SP), desenvolvido por meio de um acordo de cooperação entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e operadoras de telefonia móvel, o governo estadual monitora a adesão à quarentena por cidade e região, podendo até enviar mensagens cidadãos das áreas mais críticas.
Com gráficos, mapas e tabelas, o Simi atualiza diariamente o índice de adesão ao isolamento social com base em informações obtidas pelas antenas celulares, fornecendo deste modo dados anônimos e georreferenciados agrupados para elaborar políticas públicas com a utilização de inteligência artificial e insumos de big data. Ao monitorar o deslocamento nos municípios paulistas mapeados, o Simi auxilia os gestores de várias áreas do governo estadual a aprimorar medidas de isolamento e medir sua eficácia em tempo real, além de ser um dos pontos de partida para orientar as iniciativas de reabertura.
Os casos do Coronacidades e do Simi-SP são destaque da terceira edição da newsletter do Monitor de Evidências Covid-19, que traz recomendações sobre políticas públicas baseadas em evidências no contexto da atual pandemia. Assine a newsletter e acompanhe o Monitor nas redes sociais do FGV EESP Clear.