A importância do Censo 2022 para a formulação de políticas públicas com base em evidência no Brasil

25 de agosto de 2022 - 3 min de leitura

por: Equipe FGV Clear

Tags: 2022 Avaliação avaliador censo M&A Monitoramento

Gustavo Costa, residente no FGV EESP Clear do Programa de Aprendizagem Prática para Jovens Avaliadores da GEI, mestre em Direitos Humanos (UFPB) e graduado em Gestão de Políticas Públicas (UnB).

A capacidade de gerar, interpretar e utilizar evidência tem ganhado cada vez mais importância. Essa utilização tem o potencial de apoiar gestores na formulação e implementação de políticas públicas de forma mais embasada, ampliando e qualificando o público-alvo das intervenções, contribuindo para a transparência, a melhor aplicação de recursos e a participação social. Nesse sentido, o Censo 2022 é um acontecimento muito relevante para o Brasil.

Lançamento do Censo 2022, realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro (RJ). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

O Censo é realizado a cada dez anos, mas foi inviabilizado em 2020 por causa da pandemia de Covid-19, e em 2021 pela crise econômica e falta de recursos da União. Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retoma a realização do Censo, ação que dá entusiasmo a diversos setores que atuam na promoção e elaboração de políticas públicas baseadas em evidências. Dentre eles, podem ser listados: 

  • A Comunidade Internacional, pois o Censo permitirá entender melhor os avanços e desafios do Brasil no cumprimento de agendas internacionais, como a Agenda 2030 e seus 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dados atualizados são essenciais para monitorar e avaliar o alcance dos ODS, uma das agendas centrais da Global Evaluation Initiative (GEI) e da Iniciativa Clear. Além disso, com o Censo é possível atualizar dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e outros indicadores que utilizam informações da pesquisa.

  • As Universidades, Escolas, Centros de Pesquisa e Institutos de Governo voltados à análise de problemas públicos. Essas instituições podem tratar dados do Censo, atualizar indicadores, gerar pesquisas e realizar avaliações com ênfase nas realidades locais. 
  • A Sociedade Civil Organizada, que enxerga no Censo uma chance de ser ouvida e ter seus problemas refletidos nos dados gerados pelo IBGE. Houve, por exemplo, um advocacy intenso de organizações LGBTQIA+ para inserir perguntas sobre identidade de gênero e sexualidade no Censo, além da conquista de comunidades quilombolas, que tiveram perguntas específicas inseridas nesta edição, fato que já tinha acontecido para os povos indígenas em 2010. 
  • Gestores(as) do Sistema Único de Saúde (SUS), que além dos dados coletados pelo próprio sistema de saúde, contarão com informações atualizadas sobre morbidade, saúde, expectativa de vida, e outras condições informadas diretamente pela população consultada pelo Censo. Vale lembrar que o Censo permitirá entender as mudanças nos indicadores, inclusive do período pandêmico. 

Recenseador durante a primeiras saída para entrevistar a população para o Censo 2022, na região central do Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

  • Municípios, Prefeituras e gestores(as) municipais como um todo, que vivenciaram mudanças na quantidade de habitantes e perfil socioeconômico da população. Assim sendo, são os gestores que mais precisam dos dados do Censo, que permitem fazer análises comparativas com municípios de mesmo porte, possibilitando a troca de experiências bem sucedidas de políticas públicas municipais. 
  • Profissionais de avaliação, pois as avaliações requerem dados de longo prazo, para averiguar de forma comparativa a evolução de indicadores em públicos-alvo específicos.

 Assim sendo, o Censo tem o potencial de trazer análises de uma conjuntura atualizada/qualificada, reduzindo vieses de defasagem e subnotificação. As informações do Censo serão centrais para a produção científica que virá a seguir, intensificando o monitoramento e avaliação das políticas públicas.

Confira as dicas a seguir para saber mais sobre o tema: 

Nexo Jornal – O que você precisa saber sobre o Censo 2022

Podcast “Copiô, parente!” – Episódio #243 Quilombola entram na contagem do Censo pela primeira vez em 150 anos 

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