A importância do Censo 2022 para a formulação de políticas públicas com base em evidência no Brasil
Gustavo Costa, residente no FGV EESP Clear do Programa de Aprendizagem Prática para Jovens Avaliadores da GEI, mestre em Direitos Humanos (UFPB) e graduado em Gestão de Políticas Públicas (UnB).
A capacidade de gerar, interpretar e utilizar evidência tem ganhado cada vez mais importância. Essa utilização tem o potencial de apoiar gestores na formulação e implementação de políticas públicas de forma mais embasada, ampliando e qualificando o público-alvo das intervenções, contribuindo para a transparência, a melhor aplicação de recursos e a participação social. Nesse sentido, o Censo 2022 é um acontecimento muito relevante para o Brasil.

Lançamento do Censo 2022, realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro (RJ). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.
O Censo é realizado a cada dez anos, mas foi inviabilizado em 2020 por causa da pandemia de Covid-19, e em 2021 pela crise econômica e falta de recursos da União. Em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) retoma a realização do Censo, ação que dá entusiasmo a diversos setores que atuam na promoção e elaboração de políticas públicas baseadas em evidências. Dentre eles, podem ser listados:
- A Comunidade Internacional, pois o Censo permitirá entender melhor os avanços e desafios do Brasil no cumprimento de agendas internacionais, como a Agenda 2030 e seus 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dados atualizados são essenciais para monitorar e avaliar o alcance dos ODS, uma das agendas centrais da Global Evaluation Initiative (GEI) e da Iniciativa Clear. Além disso, com o Censo é possível atualizar dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e outros indicadores que utilizam informações da pesquisa.
- As Universidades, Escolas, Centros de Pesquisa e Institutos de Governo voltados à análise de problemas públicos. Essas instituições podem tratar dados do Censo, atualizar indicadores, gerar pesquisas e realizar avaliações com ênfase nas realidades locais.
- A Sociedade Civil Organizada, que enxerga no Censo uma chance de ser ouvida e ter seus problemas refletidos nos dados gerados pelo IBGE. Houve, por exemplo, um advocacy intenso de organizações LGBTQIA+ para inserir perguntas sobre identidade de gênero e sexualidade no Censo, além da conquista de comunidades quilombolas, que tiveram perguntas específicas inseridas nesta edição, fato que já tinha acontecido para os povos indígenas em 2010.
- Gestores(as) do Sistema Único de Saúde (SUS), que além dos dados coletados pelo próprio sistema de saúde, contarão com informações atualizadas sobre morbidade, saúde, expectativa de vida, e outras condições informadas diretamente pela população consultada pelo Censo. Vale lembrar que o Censo permitirá entender as mudanças nos indicadores, inclusive do período pandêmico.

Recenseador durante a primeiras saída para entrevistar a população para o Censo 2022, na região central do Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.
- Municípios, Prefeituras e gestores(as) municipais como um todo, que vivenciaram mudanças na quantidade de habitantes e perfil socioeconômico da população. Assim sendo, são os gestores que mais precisam dos dados do Censo, que permitem fazer análises comparativas com municípios de mesmo porte, possibilitando a troca de experiências bem sucedidas de políticas públicas municipais.
- Profissionais de avaliação, pois as avaliações requerem dados de longo prazo, para averiguar de forma comparativa a evolução de indicadores em públicos-alvo específicos.
Assim sendo, o Censo tem o potencial de trazer análises de uma conjuntura atualizada/qualificada, reduzindo vieses de defasagem e subnotificação. As informações do Censo serão centrais para a produção científica que virá a seguir, intensificando o monitoramento e avaliação das políticas públicas.
Confira as dicas a seguir para saber mais sobre o tema:
Nexo Jornal – O que você precisa saber sobre o Censo 2022
Podcast “Copiô, parente!” – Episódio #243 Quilombola entram na contagem do Censo pela primeira vez em 150 anos