Investir no Capital Humano Permanece Primordial – Le Monde 13/10/2016

19 de outubro de 2016 - 3 min de leitura

por: Equipe FGV Clear

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Em 13/10/2016 o periódico Le Monde publicou extratos de três capítulos do relatório do Painel Internacional pelo Progresso Social (International Panel on Social Progress – IPSP), entre os quais figurou o trabalho de autoria conjunta do diretor do FGV/EESP Clear André Portela e do cientista político e sociólogo Werner Elchhorst.

O extrato corresponde ao Capítulo 7: “O Futuro do Trabalho: Bons Empregos para Todos?”. O relatório completo (em inglês) está disponível ao público no site do IPSP.

 

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INVESTIR NO CAPITAL HUMANO PERMANECE PRIMORDIAL

Permanece crucial colocar em prática políticas que ofereçam acesso igualitário à segurança de emprego

A globalização e as novas tecnologias reduzem a demanda por determinados tipos de empregos enquanto elevam a demanda por outros. Os que saem perdendo são os trabalhadores dotados de competências específicas, que são pouco a pouco substituídos por máquinas, ou aqueles empregados em setores diretamente afetados pela concorrência internacional. Entre os que saem ganhando encontram-se trabalhadores que possuem qualificações diretamente beneficiadas pelas novas tecnologias ou pela globalização. Estes são bastante visíveis.

Outros, contudo, encontram-se dispersos ou invisíveis. De maneira geral, estes beneficiários aproveitaram-se das novas tecnologias e da globalização por meio da baixa de preços de produtos e serviços. Consumidores podem comprar aquilo que compravam anteriormente, mas lhes sobra parte de sua renda para desfrutar de outros bens e serviços; assim, eles viram seu padrão de vida se elevar. Ao invés de retardar ou impedir transformações por meio de abordagens protecionistas, é preferível implementar políticas capazes de vir ao auxílio daqueles que são afetados de forma negativa. Tais políticas devem ter como objetivo criar aceitação das mudanças pelos afetados.

Já foi amplamente demonstrado de que o investimento no capital humano é de importância primordial para o sucesso e a produtividade da vida adulta de um indivíduo. Realizados em bom momento, ao longo do ciclo de formação, bons investimentos nas aptidões e capacidades de um indivíduo podem gerar efeitos duradouros. Intervenções bem concebidas podem atenuar em parte, ou mesmo contrabalancear totalmente, as deficiências daqueles que não se beneficiaram desde o princípio de um investimento adequado em seu capital humano. Particularmente, investimentos apropriados durante a primeira infância constituem o método mais econômico para se reduzir as desigualdades do acaso. Mesmo na idade adulta, políticas bem pensadas e bem contextualizadas podem atenuar ou compensar tais deficiências. Além disso, um mundo em rápida evolução exige uma adaptação permanente. É por tal motivo que se recomenda a implementação de um sistema dinâmico de educação e formação profissional continuada, prevendo-se interações constantes entre períodos escolares e estágios em empresas.

 

REDUZIR RISCOS

Para além da educação, um acesso adequado à segurança de emprego e de renda para o conjunto da população ativa em todos os mercados de trabalho é completamente crucial. Trata-se de reduzir os riscos em certos setores que sofrem com a falta de proteção e de aumentar as possibilidades de mobilidade e de transição. Em termos de reformas institucionais, isto implica na instalação, em primeiro lugar, de um sistema flexível de proteção ao emprego, a fim de aumentar a possibilidade de acesso a contratos permanentes e a empregos estáveis em setores amplamente marcados pela precariedade; em seguida, de uma cobertura verdadeiramente universal do seguro desemprego e da assistência social; e finalmente, de programas eficazes de retorno ao emprego, entre os quais a reciclagem profissional de trabalhadores adultos descartados de seus empregos pelas evoluções do mercado de trabalho. Devemos, entretanto, estar conscientes das diferenças entre os países em termos de desenvolvimento, de recursos e de tradições institucionais. Se princípios genéricos de proteção podem ser formulados a nível global, estes devem ser adaptados às condições nacionais, com recurso simultâneo à legislação e à negociação coletiva.

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