Em lançamento do Clear, pesquisadores defendem políticas baseadas em evidências para combater pandemia

08 de junho de 2020 - 3 min de leitura

por: Equipe FGV Clear

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O enfrentamento da pandemia de covid-19 gera imensos desafios para governos, hoje e no futuro. As respostas de gestores públicos para a crise precisam mais do que nunca de embasamento em dados, pesquisas, estudos, reunindo evidências que reforcem o diálogo entre ciência e políticas públicas para tomadas informadas de decisões e implementações eficientes. Fortalecer e fomentar essas premissas são alguns dos objetivos do Monitor de Evidências Covid-19, lançado pelo FGV EESP Clear em um painel da Semana de Avaliação gLocal 2020 na última quinta-feira, 5 de junho.

Com presenças de Lorena Barberia (USP e Rede de Pesquisa Solidária), Ricardo Paes de Barros (Insper e Instituto Ayrton Senna), o epidemiologista Maurício Barreto Fiocruz e Cidacs) e Rudi Rocha (FGV e IEPS), a mesa se somou a mais de 200 eventos virtuais em todo o mundo, partilhando conhecimento global e local sobre monitoramento e avaliação. “São atividades para a promoção de iniciativas de monitoramento em todo mundo, ressaltando a importância do papel da avaliação para as políticas públicas em geral, para estreitar vínculos entre atores e interessados no tema, aproximar usuários das evidências geradas, tanto os gestores como os demais cidadãos”, destacou André Portela, diretor do FGV EESP Clear e mediador do evento de lançamento do Monitor de Evidências Covid-19.

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As principais iniciativas do monitor são fazer uma curadoria qualificada de conteúdos relevantes sobre políticas públicas baseadas em evidências no atual contexto da crise do novo coronavírus, armazená-los num repositório virtual e compartilhá-los em ações regulares de divulgação pelas redes sociais do FGV EESP Clear e também através de uma nova newsletter semanal, já disponível para assinatura.

Ricardo Paes de Barros abriu as falas dos palestrantes afirmando que elaborar políticas públicas com base em evidências é sempre importante, “ainda mais na situação que estamos enfrentando. É fundamental.” “[As evidências] Que eu vejo apontam para a redução a taxa de transmissão para abaixo de um. Enquanto tivermos uma taxa maior do que um teremos uma crise permanente, por isso é interessante ter um o monitor de evidências do Clear [para indicar] como trabalhar melhor com a retomada, porque se tentarmos fazer uma retomada muito rápida, a crise vai durar muito tempo. A discussão é uma redução mais drástica na economia com uma crise de duração mais curta, ou uma redução mais suave na economia com uma crise de duração mais longa”, disse o economista.

Ao pensar em estratégias baseadas em evidências para o enfrentamento da pandemia ainda em fevereiro, um grupo multidisciplinar de 180 pesquisadores de várias partes do Brasil desenvolveu a Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade, iniciativa apresentada no evento da gLocal pelo epidemiologista Maurício Barreto. “Há uma necessidade de ampliar a capacidade de reunir informações e evidências para lidar com a pandemia, coletar, tratar e selecionar informações confiáveis sobre a covid-19, em consonância com as evidências definidas por pesquisadores. E a partir disso ter estratégias de disseminação desse conteúdo, criando um importante legado e dialogando com governos locais e estaduais”, contou Barreto.

print newsletter_monitor_versão menorNa mesma linha, mas incluindo também o desafio de pensar políticas no contexto da pandemia, segue o trabalho dos mais de 50 integrantes da Rede Pesquisa Solidária, apresentado por Lorena Barberia. “Cientistas são fundamentais no combate à pandemia para garantir que a formulação de políticas públicas seja informada pela evidência científica. Além disso, temos desafios políticos, precisamos pensar como vai ser a leitura dessas recomendações pelos gestores. Não pode ser análise de conjuntura de achismos, temos que trabalhar com dados e métodos e fazer análises rigorosas sobre o que temos de evidências”, afirmou Lorena.

Acrescentando um tom propositalmente otimista às avaliações, o pesquisador Rudi Rocha lembrou que hoje está em curso uma rápida mobilização da comunidade acadêmica e da sociedade civil, com uma rápida mobilização na produção de estudos sobre a covid-19. “É um momento importante para o Brasil, de valorização da saúde, com a sociedade disposta a aprender sobre saúde e muito engajada, com muita mobilização sobre o tema”, afirmou o pesquisador, lembrando que, “apesar das dificuldades, já demostramos resiliência em outras crises, o sistema tem pontos fortes relevantes. Números e programas do SUS [Sistema Único de Saúde] impressionam”. Para Rocha, “o futuro da saúde poderá ser melhor, ou mais bem apropriado pela sociedade, mas precisamos converter a mobilização em legado”, concluiu.

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